domingo, 28 de abril de 2013

PARA DESARMAR ESSA ARMADURA

 E SAIU A PROSA...

Eu fico pensando até onde o medo nos leva? Alguns acreditam que nossa espécie evoluiu graças ao medo, criando artefatos e armas para proteção e desenvolvimento. É uma tese válida e com provas materiais acredito. Mas fico pensando no momento individual. No medo diário das pessoas comuns. O medo de sair de casa e ir a lugares que para a maioria seriam comuns e cotidianos. Há realmente esse medo e deve ser uma coisa muito paralisante. Fico pensando no medo da violência urbana, esse também me afeta, já que estou numa das áreas mais densamente povoada do planeta. Vejo e sinto o medo de perder o emprego. O medo de vagar sem ocupação formal. Também vejo e sinto o medo de, no meio desta caminhada, descobrir a inutilidade de tudo que passou, de tudo que foi cimentado até agora. É incrível ficar descalço na estrada e sentir o leve tremor do chão. A insegurança do caminho. A busca pela direção. Sentir o medo da folha branca e a tensa busca de palavras. As vezes elas não são tão claras. Cada minuto de espaço vazio é uma situação nervosa. E pode nascer o medo, e pode crescer o medo. Há ainda o medo de perder o amor. O medo de fraturar a relação amorosa. Será que ela se quebra? Ou será que dissolve ou se desfaz qual nuvem? O medo de deixar o coração aberto, o medo de sentir novamente uma paixão. Medo de ter medo de saber falar as coisas certas e fazer as coisas certas no momento ideal. Medo que apavora, medo que paralisa, medo que deixa mudo, deixa sem resposta, deixa a boca imóvel sem poder de gritar socorro.

Começando a semana com coragem, essa maneira de dizer: Estou com medo, mas estou reagindo. 

Lembro de uma cena maravilhosa, do filme Blade Runner, aqui no Brasil traduzido como O caçador de Andróides. Numa das cenas, o “caçador” está seguro em apenas uma mão de um andróide que ele caçava. No alto de uma arranha-céu. Os personagens dos atores Rutger Hauer ( um ciborgue Nexus 6 de combate) e Harrison Ford ( Deckard - um ex-policial) ficam numa situação limite. A caça, o ciborgue chamados de replicantes, pode largar o caçador e deixar ele morrer pela queda. A cena numa tensão quase paralisante, mostra o ser que deveria ser sem emoções, fazer um discurso lindo sobre a vida ( vida breve - eles tinha 4 anos de limite) e o valor das coisas vividas. E antes de sua existência ser apagada, ele deixa o caçador em segurança no telhado.
O texto do filme é lindo. O nexus 6 diz:

“ é uma experiencia e tanto viver com medo. Isso sim, é a verdadeira escravidão!”

hoje finalmente saiu um pequeno texto em prosa. O Ponto do G nasceu em prosa. mas a vida é essa mistura. Prosa, verso, palavras desgarradas, discursos fortes, discursos em luta.

Que seja uma boa semana para todos.



Nenhum comentário:

Postar um comentário